OUTRA-METRAGEM: Sessões de Videoarte

22.7.10


A Sala Dobradiça propôs em seu Espaço-Suporte (Rua Serafim Valandro, 643) um conjunto de exibições de videoarte, de rotina semanal, entre julho-agosto de 2010, intitulado Outra-Metragem: Sessões de Videoarte.


Idéias para outra-metragem
(Elias Maroso)

No contexto das artes visuais, para além das convenções do cinema, os recursos audio-visuais inserem de maneira única o tempo como elemento de percepção. Em contraposição a visualidades estáticas (ou totais, "instantâneas"), observar uma vídeoarte exige do espectador outra postura, uma vez disposto a ser tomado pelas demarcações sequenciais do artista, em "metragem específica". Desta maneira, muitas vezes, a própria noção de tempo nos é dilatada, no passo em que suas medidas subordinam-se à experiência.

A idéia de "outra-metragem" sugere tal alteração, muito presente na videoarte: quando a duração de uma seqüência é compreendida por uma "sensação temporal elástica", desvinculada da marcação comum. Também visa estipular um jogo com as categorias curta, média e longa-metragens, usuais no cinema, propondo "outra", a se distanciar do tempo condicionado às unidades de medida.

Dessa leitura surge a referida proposta curatorial, trazendo à Santa Maria artistas que encaram a videoarte como possibilidade de investigação, atuantes em diferentes cidades do país. Confiram suas propostas, materiais e registro abaixo
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Dia 22/07/10, "NOT THERE", por Juliano Ventura (PoA/RS):
"Em novembro de 2009 realizei com Eduardo Montelli a videoinvasão O PLENO ou O VAZIO. O trabalho consistiu em uma exposição-invasão que ocupou subitamente um espaço expositivo do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e buscou nas fissuras de gestão da instituição os mecanismos de legitimação para que ali permanecesse durante um determinado período.

NOT THERE, título do trabalho que será apresentado na Sala Dobradiça, propõe um novo investimento a partir de O PLENO ou O VAZIO. Os dois vídeos, “Não basta” e “Golpes de luz em ambiente de vídeo”, incorporam agora a experiência de deslocamento entre o contexto de produção e o local de exibição. Além da insistente questão “como ocupar um espaço?”, destaco a reflexão sobre o lugar do artista, o lugar do público e, sobretudo, o estar aqui.

Juliano Ventura, nasceu em Santa Maria/RS, 1989, é aluno do oitavo semestre do curso de Bacharelado em Artes Visuais no Instituto de Artes – UFRGS. Participou de diversos projetos e mostras coletivas em Porto Alegre e no interior do estado, entre eles o Projeto Percursos (2007), a videoinvasão O PLENO ou O VAZIO (2009), Basta este nada (2010) e En passant (2010). É bolsista de Iniciação Científica (BIC/UFRGS) do Centro de Documentação e Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes – UFRGS, sob a orientação da Profª. Drª. Mônica Zielinsky. É produtor da revista Investigação nº 11, de primeiro volume lançado em outubro de 2010. Vive e trabalha em Porto Alegre.



Matéria de Igor Müller sobre a proposta de Juliano Ventura,
no blog do Macondo Coletivo. Confira -> http://bit.ly/mClf8W

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Dia 29/07, "Solenidade de hasteamento da bandeira Ao Vivo", por Cristiano Lenhardt (Recife/PE)

Vídeo em Super 8: desfile seguido de hasteamento de bandeira em mastros desativados de praças públicas em Porto Alegre, realizado durante a 7ª Bienal do Mercosul, 2009.

Cristiano Lenhardt, Itaara (RS) 1975 . Bacharelado em artes Plásticas – 2000, Universidade Federal de Santa Maria. Orientação artística no Torreão em Porto Alegre, de 2001 a 2003. A força em grupo: Laranjas, 2002-2007. A Casa Como Convém, 2007-2010. Principais exposições: 63º Salão Paranaense – Curitiba 2009; 7a Bienal de Artes Visuais do Mercosul, outubro de 2009; Volume Base, SPA das Artes de Recife 2009; Exposição individual no Torreão – Porto Alegre 2009; Temporada de Projetos do Paço das Artes – São Paulo 2009; Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo 2008; Exposição individual na Galeria Marcantonio Vilaça – Inst.Cult. Banco Real – Recife – 2008; Abre Alas – Galeria A Gentil Carioca – Rio de Janeiro 2008; Prêmio Projéteis da Arte contemporânea – FUNARTE -RIO 2008; Prêmio Concurso videoarte da fundação Joaquim Nabuco – Recife 2007; SPA das artes 2007 e 2004 – Recife ; Copan AO VIVO, Fiat mostra Brasil – São Paulo 2006; Bolsa Prêmio 26º salão de artes plásticas de Pernambuco 2006; Exposição Contemporão em Porto Alegre 2004; Hotel Majestic AO VIVO, Casa de Cultura Mario Quintana Porto Alegre 2003; Ajuste Manual – festival de cinema e vídeo de Santa Maria 2003.

Matéria de Igor Müller sobre a proposta de Cristiano Lenhardt,
no blog do Macondo Coletivo. Confira - http://bit.ly/mJlqAv

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Dia 12/08, “Meus primeiros filmes”, por Luiz Roque (São Paulo – SP)

ESTUFA (com Letícia Ramos, vídeo, 3min, 2oo4)
PROJETO VERMELHO (16mm/vídeo, 5min, 2oo6)
DAS MONSTER (super8/vídeo, 2min, 2oo9)
TREINAMENTO (16mm/vídeo, 2min, 2oo7)
PIKNIK (com Mariana Xavier, 16mm/vídeo, 5min, 2oo7)

Luiz Roque; nasceu em Cachoeira do Sul (1979). Vive e trabalha em São Paulo. Usa filme, vídeo, fotografia e luz neon como suporte. Seu vídeo “Projeto Vermelho” recebeu o prêmio FIAT (2006) e foi exibido na 12a. Biennnial de L’image en Mouvement (CIC, Genebra, 2oo7). Tem mostrado seu trabalho em exposições e mostras como “Video Links Brazil: an anthology of brazilian video art 1981-2005” (Tate Modern, Londres, 2oo7), “Abre Alas” (A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2010), “Silêncios & Sussurros” (Fundação Vera Chaves Barcellos,Viamão, 2010) e “Constructing Views: experimental film and video from Brazil” (New Museum, Nova York, 2o1o) . Recebeu por duas vezes a bolsa Talent Campus (Universidade del Cine, Buenos Aires 2005 e Berlinale, Berlim, 2007).


Matéria da Revista Viés sobre a exposição e o Circuito Fora do Eixo: http://bit.ly/lXuA5 ____________________________________________________________

Dia 05/08/10, "Itinerário SD 0.5 (SM-PoA)", Grupo Sala Dobradiça

Animação criada através da sistematização do conjunto de registros vídeo/fotográticos produzidos no plano sequencial de intervenções artísticas elaborado para a SEU - Semana Experimental Urbana de Porto Alegre.

As intervenções foram marcadas pelas inserção de um objeto de estrutura montável, intitualdo SD 0.5, em paisagens de interesse. O objeto faz referência proporcional (em 1:2) às dimensões físicas do Espaço-Suporte da Sala Dobradiça. Sua inserção na paisagem compreendeu tanto o espaço urbano da capital como também o percurso rumo a capital (BR 290).


Saiba mais do trabalho Itinerário SD 0.5 (SM-P0A) -> http://bit.ly/9K1S2M

Sala Dobradiça na Semana Experimental Urbana - Itinerário SD0.5 (SM-PoA)

1.7.10

Nos dias 20 e 21 de junho a Sala Dobradiça participou da Semana Experimental Urbana (SEU), em Porto Alegre. O grupo foi um dos 26 escolhidos para participar desse evento focado em intervenção urbana, que aconteceu de 19 a 26 de junho.

A participação no evento marca um momento importante para a Sala Dobradiça, pois mostra o resultado de um trabalho coletivo iniciado esse ano, momento em que o espaço/grupo teve sua dinâmica reelaborada.

Criada e coordenada durante um ano por Alessandra Giovanella e Elias Maroso, a Sala Dobradiça teve, num primeiro momento, suas atividades ligadas a um espaço-suporte que era disponibilzado aos artistas (convidados ou selecionados) para que estes o repensassem/recriassem. No final desse primeiro ano a Sala já teve seu caráter alargado através de uma expansão de suas atividades para além do Espaço-Suporte. E esse caráter de expansão, no início do presente ano, foi reforçado através do convite para que outros artistas se juntassem à Sala dobradiça para repensá-la, coordenando-a coletivamente.

É dessa Sala Dobradiça, com seu caráter um pouco modificado e com a coordenação coletivada, que nasce o projeto Itinerário SD 0.5 (SM-PoA), uma ação que envolveu a criação de um representação do Espaço-Suporte com suas dimensões reduzidas pela metade e a inserção desse objeto na paisagem, criando um plano sequencial de intervenções e registros que formarão posteriormente um stopmotion.

A proposta vai ao encontro de algumas questões de interesse da Sala Dobradiça como a expansão de espaços expositivos, o pensar o espaço da arte em nossa sociedade, em nossas cidades e tange inclusive a questão: "o que é arte", questionando sua validade ao fazer com que uma marcação de um espaço expositivo "enquadre" as mais variadas paisagens. Essa inserção do objeto na paisagem foi realizada no itinerário entre Santa Maria e Porto Alegre e também em espaços públicos da última. Partindo de Santa Maria, as 6h do dia 20, o grupo fez três paradas durante o trajeto para realizar a ação.


SD 0.5, montagem e preparação de registros

Chegando em Porto Alegre, a atividade que estava prevista para o dia 20 à tarde não aconteceu devido àutilização da Praça onde estava prevista a ação com a veiculação do jogo do Brasil. No entanto, nessa noite foi proposta uma conversa entre todos os participantes do SEU, no QG da Travessa dos Venezianos, o que se tornou um momento interessante para conhecer os outros participantes da Semana Experimental, trocar experiências com outros coletivos de arte e discutir a participação destes em redes colaborativas que extrapolam o âmbito da arte.

O encontro com os outros participantes pôde acontecer também no dia seguinte devido à realização de intervenções concomitantes nas praças. Como várias ações estavam previstas para o Largo Glênio Peres - local onde a Sala Dobradiça permaneceu pela maior parte do tempo, na segunda-feira, dia 21 - as intervenções puderam interagir umas com as outras.




Logo da Sala Dobradiça, SD 0.5, intervenção 1:1 Versão Amarelo


Compensando a não realização da atividade prevista no dia anterior, o dia 21 foi movimentado e a SD 0.5 pôde ocupar diversos espaços da cidade de Porto Alegre: Parque Farroupilha, Largo Glênio Peres, Praça XV, Praça da Alfândega e Cais do Porto.


SD 0.5 em diversas praças de Porto Alegre


(animação a partir de registros esquemáticos das intervenções)