O dia 15 de setembro marcou o início das atividades da 8ª Bienal do Mercosul em Santa Maria, com o lançamento do Espaço Recombinante, na Gare de Estação Férrea.
O Espaço Recombinante foi aberto ao público com a exposição “Lo que llegó”, trazida de Assunção pelos integrantes do Grupo Planta Alta – Laura Mandelik e Wolfgang Krauch. Um papel de parede ajustado nas dimensões internas do espaço apresenta propostas artísticas de 23 artistas paraguaios, convidados a produzir sob a temática “território”, mote central da 8ª Bienal do Mercosul – Ensaios de Geopoética.
O público pôde conferir, em uma agradável noite de quinta-feira, o resultado de estudos, planejamento e produção. Processo que não termina pós-abertura.
A participação da Sala Dobradiça na Bienal do Mercosul é um reconhecimento de três anos de trabalho. Reconhecimento evidenciado nas palavras do curador-geral Jose Roca, em seu blog sobre a visita à Sala Dobradiça ainda no período de concepção curatorial e reconhecimento de artistas da região. Ele sintetiza o Espaço-Suporte (projeto já realizado em uma sala anexa ao Macondo Lugar) da seguinte forma: “Sala Dobradiça é um exemplo de que para ter uma programação de qualidade não é necessário um bom espaço, simplesmente um bom critério”.
Desde a visita às muitas estações seguintes, o empenho não se esgota. Por maiores que fossem as dificuldades, a vontade de executar um bom projeto, de desenvolver ainda mais as práticas da Sala Dobradiça, conferiu o ânimo necessário para artistas e envolvidos prosseguirem.
Nisso, o Espaço Recombinante é apresentado em sua forma primeira - em matriz básica, com materiais de baixo custo e tímidas dimensões. Seu alcance tem a proporção do desejo. Detalhe que atribui, justamente, um caráter de objeto artístico ao projeto - o qual extrapola a simples noção de estrutura comportadora. Esse formato é ansioso, suscita ajustes, aprimoramentos técnicos, adequações estéticas e contextuais.
Na abertura frisamos não somente a exposição e o formato que a comporta, mas também toda a circunstância na qual está inserida. É a primeira vez que a cidade de Santa Maria integra - mediante produtores locais - a programação de um evento de artes visuais da notoriedade da Bienal do Mercosul.
O evento como um todo também atesta a ousadia de produzir um espaço expositivo móvel. Com todos os cuidados que isso pode implicar, seja segurança, praticidade ou proposição estética; com tantas limitações orçamentárias na escolha de materiais adequados e na busca por incentivadores interessados. Mesmo assim está em pé, em funcionamento e encantando seus visitantes.
Os artistas paraguaios foram os primeiros a participar e experimentar desse formato junto à Sala Dobradiça. No mês de outubro será a vez dos artistas e gestores Dalila López e Ada Azor, respectivamente das organizações independentes Batiscafo/ Proyecto Circo. Cada um destes grupos de artistas irão testar, improvisar e aprimorar o Espaço Recombinante.
Como a base de todos os trabalhos internos é a adaptação “site specific”, haverão momentos para testar, improvisar e aprimorar o Espaço Recombinante. Uma organicidade prevista e sempre presente nas produções do grupo.
Fotos: Diogo Reck Figueiredo